quinta-feira, 31 de março de 2011

Proposta Pedagógica: Recuperação Contínua
Ano Letivo – 2011

Princípios Norteadores:

         1 – Reflexão sobre a ação: uma análise sobre os resultados dos projetos já desenvolvidos.
         2 -  Reflexão na ação: durante a implementação do projeto de Recuperação Contínua  da Aprendizagem;
         3 – Reflexão  para ação: Ação de planejar os próximos projetos de recuperação, tendo em vista os resultados das reflexões anteriores;


O que se espera do Coordenador Pedagógico:
         1 –  Elaborar, em conjunto com os professores envolvidos, as respectivas propostas;
         2 - Participar da elaboração da proposta pedagógica;
         2 – Subsidiar e orientar o professor do processo de recuperação contínua sobre seu papel, apoiando e subsidiando as atividades;
         3 – Coordenar, implementar e acompanhar as propostas aprovadas, providenciando as reformulações, quando necessárias;
         4 – Disponibilizar ambientes pedagógicos e materiais didáticos que favoreçam o desenvolvimento das atividades propostas;
         5– Avaliar os resultados alcançados nas propostas implementadas, justificando sua continuidade, quando necessário




Recuperação Contínua- oportunidade de sucesso

As escolas estaduais de São Paulo, por meio do Parecer CEE nº 67/98 que aprovou as Normas Regimentais Básicas, receberam instruções para a confecção dos Regimentos Escolares. Desde então, ocorreram várias alterações em decorrência de novas legislações educacionais.
É interessante refletir que, pertencentes a um mesmo sistema de ensino, as escolas são regidas por normas comuns, no entanto há possibilidade de estabelecerem seus passos e ritmos com certa autonomia, portanto cada escola possui uma identidade diferente dentro de um sistema igual.
"...o regimento perdeu seu caráter burocrático, adquirindo, ao lado do projeto pedagógico, uma nova dimensão: ele continua sendo o instrumento que organiza e disciplina as rotinas escolares, definindo normas e critérios que regulam seu funcionamento; mas agora faz isso articulando-se com o projeto pedagógico." [1]
À escola cabe viabilizar a todos os alunos oportunidades de aprendizagem e possibilitar a superação das dificuldades encontradas no percurso desse aprendizado. A recuperação é um instrumento relevante para levar o aluno ao sucesso escolar. Contínua ou Paralela objetivam combater a defasagem de conteúdo programático. É interessante refletir, nesse sentido, o que diz BARRETO:
"Nós queremos caminhar para um horizonte determinado, o da escola democrática e inclusiva, que acolha as crianças, sem exceção, e dê conta de ensinar-lhes conteúdos socialmente significativos, mas não sabemos como fazer para chegar lá."
A recuperação contínua desenvolvida pelo professor responsável pela classe é realizada, no decorrer das aulas, por meio de orientação de estudos e atividades diversificadas de acordo com as dificuldades dos alunos. É necessário, pois, que o professor conheça defasagens e ritmos de cada educando para assim planejar tais atividades com estratégias específicas, uma vez que o atendimento deve ser individualizado.
Algumas considerações merecem nossa reflexão: o número excessivo de alunos em sala de aula exigirá do docente mais atenção, liderança e flexibilidade; o planejamento das aulas é essencial para que, mesmo desenvolvendo trabalhos diferentes, todos os alunos produzam e correspondam às expectativas do professor; disponibilidade a mudanças para, se necessário, alterar rumos; valorização dos pequenos avanços conquistados pelos alunos que apresentam maiores dificuldades.
É preciso, contudo, que a escola, o professor, os pais e o aluno acreditem no instrumento recuperação contínua para que o resultado seja positivo. Se tomarmos um medicamento e não acreditarmos na sua eficiência, provavelmente não se obterá o efeito desejado.
As recuperações contínua garante a superação das dificuldades apresentadas pelo educando? Que espaço pedagógico é destinado à discussão sobre os assuntos? O tema, embora inserido legalmente nos regimentos escolares recebe a atenção necessária nas reuniões pedagógicas? Abordaremos, a seguir, duas reuniões pedagógicas relevantes no universo escolar: HTPCs e Conselho de Classe.
As horas de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) que ocorrem, pelo menos, duas vezes na semana, deveriam privilegiar os seguintes assuntos: estratégias para sanar dificuldades de alunos na própria sala de aula, valorizando, assim, a recuperação contínua, visando possíveis correções de trajetórias. No entanto, muitas vezes, com a justificativa de que a escola atual deve ser mais aberta, os temas priorizados nem sempre são os desejáveis. São discutidos projetos sobre meio ambiente, preservação do patrimônio público, festas como dia das mães, dia dos pais, festa junina, exposição ou feira cultural. Não podemos descartar tais assuntos, porém valorizá-los a ponto de ocupar várias reuniões planejando e avaliando projetos, faz com que o foco deixe de ser a aprendizagem.
E os Conselhos de Classe inseridos no Regimento Escolar como espaço para analisar as dificuldades de aprendizagem dos alunos; propor encaminhamento de alunos para recuperação paralela; acompanhar o rendimento escolar apresentando propostas de solução, dentre outros; funcionam como devem? É comum que, em reuniões de Conselho de Classe, discutam-se problemas disciplinares, frequência irregular dos alunos, pauta de reunião com pais de alunos com o objetivo de informar os mesmos sobre o rendimento dos filhos. Muitos educadores argumentam que o tempo destinado às reuniões de Conselho de Classe é exíguo, no entanto, se, durante as HTPCs, muitas providências já foram encaminhadas, provavelmente, nos referidos conselhos, os pontos essenciais, mereçam destaque, consequentemente a pauta pode-se adequar ao tempo estipulado.
Elaboração de Plano de Ação e Preenchimento da Ficha de Avaliação Individual
. É preciso quebrar o mito de que o registro não é importante, pois esse serve como um ponto de onde partirá novas demandas. Se os registros não forem considerados, iniciaremos as reuniões pedagógicas sempre do zero, inviabilizando a continuidade do processo.

Referências Bibliográficas

ARRETCHE, Marta. A importância da avaliação. Curso de Especialização e Gestão Educacional: CDROM 03 - UNICAMP. Campinas, 2005.
BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Os desafios da avaliação nos ciclos de aprendizagem. In Progressão continuada – compromisso com a aprendizagem. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.

FREIRE, Madalena. O papel do registro na formação do educador. InPEREZ, José Roberto Rus et all (Org.). Estudo, Pensamento e Criação. 1ª ed. Campinas, SP: UNICAMP, vol. III, 2005, 16.
GROSBAUM, Marta Wolak. Progestão: como promover o sucesso da aprendizagem do aluno e sua permanência na escola?, módulo IV. CONSED – Conselho Nacional de Secretários da Educação,. Imprensa Oficial do Estado de são Paulo, 2004.
MORDIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

TEXTO - 1
Ai, que vontade de morder
Por Jaciara de Sá - Professora

Antes de falar, muitas crianças usam os dentes para se comunicar. Saiba aqui como lidar com as mordidas.
A equipe do CEI Santo Antonio, em São Paulo, enfrentou uma situação delicada em 2006. Uma avó, ao buscar o neto, saiu dizendo para a filha que a creche estava cheia de pitbulls, pois a criança de 2 anos tinha as marcas dos dentes de um colega no rosto. Outra mãe ouviu o comentário e foi reclamar com a direção da escola. "Ela sabia que é comum morder nessa fase da infância e não concordava com o rótulo dado para a turma de seu filho", lembra a coordenadora pedagógica, Elizabeth Bilezikjian. 
Administrar bem as mordidas favorece o desenvolvimento infantil e a interação entre os colegas, ajuda as crianças a perceberem outras formas de expressão e impede rótulos e estigmas infundados.
Muitos professores enfrentam constantemente o choro de dor de uma criança e a reclamação de um pai indignado. Apesar de comum, a situação é um desafio na Educação Infantil. Afinal, por que os pequenos gostam tanto de morder?
Um dos motivos é a descoberta do próprio corpo. Desde o aparecimento da dentição até por volta dos 2 anos, eles mordem brinquedos, sapatos e até os próprios pais, professores e amigos para descobrir sensações e movimentos. O psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962) escreveu que assim a criança constrói seu "eu corporal". "É nessa fase, em que ela testa os limites do próprio corpo, onde o dela acaba e começa o da outra pessoa. E os dentes que estão nascendo estão em evidência", explica Heloysa Dantas, professora aposentada da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O austríaco Sigmund Freud (1856-1939) também ajudou a entender as dentadas. O fundador da psicanálise definiu como fase oral o período em que a criança sente necessidade de levar à boca tudo o que estiver ao seu alcance, pois o prazer vital está ligado à nutrição. Ela experimenta o mundo com o que conhece melhor: a boca.
Outra razão é a necessidade de se comunicar. Os pequenos não dominam a linguagem verbal e utilizam a mordida para expressar descontentamento e irritação ou para disputar a atenção ou objetos com os amigos. Amor e carinho também podem ser expostos com uma mordidela, como fazem os adultos ao afagar os bebês.
"O professor precisa perceber qual sentimento está em jogo para agir sem drama", destaca a psicopedagoga Denise Argolo Estill, da clínica Infans Unidade de Atendimento ao Bebê, em São Paulo.

Sem rótulos nem drama
A separação dos pais e algumas situações novas vividas na escola podem gerar desconforto e insegurança. Sem poder falar, os dentes viram um recurso de expressão. Assim, fica fácil compreender por que as crianças que mordem não podem ser rotuladas. Além da descoberta do corpo e da expressão de sentimentos, elas ainda estão construindo a identidade. Quando estigmatizados, os pequenos sentem dificuldade em desempenhar outro papel que não o de agressor. "Eles podem ter dificuldades de se relacionar. O que seria uma fase transitória pode se cristalizar num comportamento permanente", explica Denise.
Para evitar que a história dos pitbulls se espalhasse e gerasse um mal estar maior entre os pais, a coordenação do CEI Santo Antonio chamou todas as famílias para uma conversa. Não revelou para a avó indignada quem deu a mordida e acalmou os ânimos da mãe irritada com o comentário ouvido na porta da escola. Na reunião, os pais aprenderam sobre o significado da dentada e se deram conta de que a situação é muito comum, tanto em casa como na escola, e não se trata de negligência por parte dos adultos.
A adaptação escolar é o período em que as mordidas mais aparecem. A professora Elsie Claire Canelas, do Jardim da Infância do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, sabe que nessa época sua intervenção deve ser maior. "Peço à criança que mordeu que ajude a massagear a outra, a pôr gelo no ferimento. O colega mordido vai se sentindo melhor até parar de chorar". Compreender essas questões pode ajudar professores e pais. Mas, ainda assim, o desafio permanece.

Como tratar os que mordem:
v     Não brigue com a criança, mas seja firme.
v     Explique que ninguém gosta de sentir dor e peça ajuda para curar o machucado do colega.
v     Descubra o que motivou o comportamento e mostre outras formas de expressão.


TEXTO - 2
A fase das mordidas

Nos maternais, a fase das mordidas entre as crianças sempre causa muitas confusões. Geralmente, é um assunto delicado para pais e educadores. Os pais da criança que mordeu se sentem constrangidos e culpados enquanto a família da criança que foi mordida se sente agredida e se questiona com relação aos cuidados que o filho está recebendo no ambiente escolar. Educadores precisam esclarecer e saber como lidar com a situação.
Em primeiro lugar, é importante que se saiba que esse comportamento de morder faz parte do desenvolvimento, é normal até os três anos de idade e passa quando a criança adquire novas habilidades.
O bebê entra em contato com o mundo através da boca, é seu modo de reconhecer os objetos, experimentar, sentir, por isso sempre que se interessa por algo quer levar à boca. Também a utiliza para rejeitar ou aceitar alimentos, se comunicar, sorrir, chorar, balbuciar...
As mordidas também são uma forma de comunicação e de se conhecer o outro. A princípio, as crianças não sabem avaliar as conseqüências de suas mordidas e nem a força que podem colocar. Às vezes, o ato de morder é um modo de estar perto do amigo que gostam, de partilhar uma intimidade, como comer alguma coisa gostosa.
Nessa fase, a criança ainda está acostumada a ter seus desejos atendidos prontamente, sendo comum demonstrar sua insatisfação, por meio de mordidas, enquanto não aprende a falar direito.
Cada criança tem seu modo de reagir diante do que sente e do que acontece ao seu redor. Quando contrariadas ou nas disputas por brinquedos, algumas choram, esperando que um adulto ajude, outras reagem mais intensamente, batendo ou mordendo. Morder também pode ser uma maneira da criança lidar com sua ansiedade, já que ainda não consegue organizar e compreender direito suas emoções, ela descarrega o ciúmes, a insegurança na mordida.
É preciso ter calma quando acontece este comportamento, conversar com a criança, mostrar que dói. Com o tempo, conforme a criança vai aprendendo a se comunicar melhor através da linguagem, começa a trocar as mordidas pelas palavras, conseguindo aos poucos, organizar e expressar seus sentimentos e insatisfações de outra forma.

TEXTO - 3
Mordida
Este é certamente um dos maiores temores de mães com filhos em berçários e escolas de Educação Infantil. Claro, ninguém gosta de ver aqueles sinais doloridos na pele de seu filho. Mas, como qualquer um corre esse risco, é preciso entender o que isso significa.
Antes de tudo, é preciso considerar que para a criança a mordida não é uma arma, como seria para um adulto. É antes, uma forma de expressão.Desde que o bebê nasce, é pela boca que ele percebe o mundo. Não apenas pelo ato de sucção e das mamadas, mas pelo choro, pelo riso, pelo balbuciar. À medida que cresce e com o surgimento dos dentes, esse processo continua, e morder também passa a ser uma forma de interagir com o mundo, de perceber a consistência de um objeto e também de provocar reações. Os adultos também fazem isso ao dar mordidas carinhosas nas crianças.
Portanto, para compreender as mordidas, é necessário levar em conta o contexto em que ocorrem. Geralmente, estão associadas ao sentimento de contrariedade, de frustração, de ansiedade, de raiva, de ciúmes, de busca de atenção. Praticamente, toda criança entre um e três anos lançará mão desse recurso...
Seja qual for a causa, é importante não taxar a criança de mordedora, porque isso vai gerar a expectativa de que ela volte a morder, o que pode realmente levar a mais mordidas. O melhor é tratar o fato com tranqüilidade, e mostrar à criança que o que ela faz provoca dor, machuca. E, além disso, ensinar que existem outras formas de expressar seus sentimentos.
Baseado no texto Mordidas: agressividade ou aprendizagem?
de Ana Maria Mello e Telma Vitória)

TEXTO - 4
As mordidas na escola
Não é raro encontrar queixas de pais que, ao buscarem seus filhos na escola os encontram mordidos por algum coleginha. Geralmente são crianças pequenas, que estão aprendendo a dividir seu espaço com outras crianças da mesma idade.
Nesse período estão aperfeiçoando seus sentidos e agora fora dos cuidados dos pais e precisando dividir a atenção dos adultos com outras crianças. Não é fácil para os pais assimilarem essas mordidas sem mágoa ou indignação de alguém, que não se conforma com a situação ao ver seu filho tão desprotegido, agora marcado pelos dentes de um colega. Tão desagradável quanto, é a situação dos pais da criança que morde. E assim uma cascata de cobranças começa em cima da escola, por não ter profissionais suficientes. E se tem, não estavam atentos aos ocorridos. Vale lembrar que as crianças estão em fase de amadurecimento e conseqüentemente estão aprendendo a exteriorizar suas angustias; medos, frustrações, anseios e descobertas. Através do sistema nervoso central começam a elaborar o tato, o olfato, o paladar, a visão, e a audição.
Conseqüentemente com as novas descobertas aprendem a usar as mãos, os dentes, como instrumentos de defesa. Numa fase anterior, talvez tenha sido o choro o instrumento mais usado para marcar a atenção. Não é fácil para a criança aprender a conviver com outras crianças da mesma faixa etária, que também disputam atenção. A mordida faz parte dos mecanismos de defesas mais primitivos do homem.